Por: José Morais
Fotos: José Caia/Flávio Simão
A aldeia de Salvador sempre
teve tradições na celebração do São João, este Santo popular sempre foi mais
comemorado como festividade pagã, sendo integrada no calendário de divertimento
da população camponesa, não sendo comemora propriamente como festa religiosa.
A festa era preparada com
alguma antecedência, onde rapazes e raparigas iam apanhar rosmaninho, ensaiavam
alguns cânticos, e preparavam alguns instrumentos musicais para acompanhar.
No adro da igreja era colocada
uma fogueira, no centro um pinheiro bem alto, o qual era revestido de
rosmaninhos, e era todo adornado de bandeiras de papel, e lá bem no alto era
colocada uma boneca de papel onde no seu interior tinha rosmaninho, às vezes um
casal de bonecos, em redor no chão molhos de rosmaninho, onde no meio muitas
vezes eram colocadas bombinhas de Carnaval, onde apesar do alarido que faziam
ao rebentar, era muito festejado pelos mais jovens.
Noite dentro, e com todos animados, era ateado o fogo à fogueira, e à volta da mesma faziam uma roda, onde o cheiro a rosmaninho se espalhava pelo ar, com todos os presentes maravilhados, depois quando as chamas se amainavam, juntava-se o braseiro, e todos corriam e saltavam a fogueira.
E a festa entrava noite
dentro, o arraial a desdobrar-se em bailaricos, com velhos e jovens cantando
animadamente canções alusivas do género:
S. João, para ver as moças
Fez uma fonte de prata.
Se as moças não vão a ela,
S. João todo se mata.
S. João perdeu as calças
A caminho do convento,
As moças esconderam-lhas,
Regressou com o cu ao vento.
S. João era um bom homem
Se não fora tão velhaco:
Foi com as moças à fonte,
Foram três e vieram quatro.
E essa tradição vai
continuando em Salvador, um pouco diferente de outras épocas, mas não querendo
que a tradição ficasse pelo caminho como vai acontecendo infelizmente com
outras celebrações, e no passado dia 25 de junho se comemorou mais um São João.
A Junta de Freguesia de
Salvador convidou a população, oferecendo sardinhas e bebidas, a todos os
Salvadorenses e amigos, onde não faltou a animação musical, baile, e no final a
tradicional queima da boneca, celebrando assim o São João, não deixando morrer
a tradição.
Deixamos aqui alguns desses
momentos, espero que gostem, e a promessa de que em 2024 a celebração volte a
acontecer.
Este artigo possui alguns
excetos do livro “Salvador Barquinha D’Oiro,
tempo dos nossos avós” do nosso conterrâneo Albertino Calamote, o qual se agradece a
sua disponibilidade e autorização para podermos publicar, obrigado.