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As Janeiras
Por: José Morais
As “Janeiras” é
uma das principais tradições nacionais, em especial na Beira-Baixa, e como o
próprio nome indica, eram cantadas no primeiro mês do ano e véspera de Reis de
porta a porta, na aldeia de Salvador sempre foi tradição cantar as mesmas, onde
se juntavam grupos de pessoas, tocadores e cantadores entoando versos pelas
ruas.
Para quem desconhece, esta era
uma tradição que remonta aos tempos da fome, e da miséria de séculos passados,
onde as terras estavam nas mãos de uma minoria, onde os invernos, a estação do
ano mais escassa na produção de alimentos, obrigava o povo mais desprotegido a
ter de mendigar, tentando assim sobreviver.
Cantando as “Janeiras”, foi a forma do povo conseguir
chegar aos senhores ricos, tentando que os mesmos fossem generosos, que nas
suas qualidades humanas, pudessem dar esmola aos mais necessitados.
Com mudanças de tempos, onde
os mesmos deixaram de serem tão rudes, e a fome se ia amenizando, as “Janeiras” foram
evoluindo para uma espécie de peditório, e era efetuada na altura das matanças,
tentando angariar vários bens alimentícios, para que no final pudesse haver
coisas, para confraternizar.
Nas “Janeiras” os
grupos cantavam quadras, percorrendo a aldeia nas noites frias de Janeiro, onde
estrategicamente eram escolhidos os balcões mais altos, como as casas mais
fartas para cantar as “Janeiras”,
onde paravam para pedir as mesmas, porem, nem todas as quadras eram iguais,
havia aquelas para os senhores que mais davam, e existiam aquelas quadras
preparadas, como forma de punir os senhores mais agarrados e forretas, que se
recusavam a abrir a porta e dar as “Janeiras”.
Mostramos assim algumas das
muitas quadras que eram entoadas, a primeira para os senhores que mais davam, a
segunda para os senhores mais agarrados, e mais forretas.
1ª
Alegrai-vos
companheiros,
Que eu
sinto gente a andar:
É a
senhora da casa,
Quem nos
vai convidar.
2ª
Ó da casa
tão alta
Toda
feita de madeira.
Aos
senhores que cá moram,
Deus lhes
dê uma caganeira.
Nota: Excertos gentilmente
cedidos por Albertino Calamote, do seu livro, Salvador Barquinha D’Oiro
Podem visualizar o filme nos
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