domingo, 26 de março de 2023

“As Janeiras.2023”

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As Janeiras

 Por: José Morais

As “Janeiras” é uma das principais tradições nacionais, em especial na Beira-Baixa, e como o próprio nome indica, eram cantadas no primeiro mês do ano e véspera de Reis de porta a porta, na aldeia de Salvador sempre foi tradição cantar as mesmas, onde se juntavam grupos de pessoas, tocadores e cantadores entoando versos pelas ruas.

Para quem desconhece, esta era uma tradição que remonta aos tempos da fome, e da miséria de séculos passados, onde as terras estavam nas mãos de uma minoria, onde os invernos, a estação do ano mais escassa na produção de alimentos, obrigava o povo mais desprotegido a ter de mendigar, tentando assim sobreviver.

Cantando as “Janeiras”, foi a forma do povo conseguir chegar aos senhores ricos, tentando que os mesmos fossem generosos, que nas suas qualidades humanas, pudessem dar esmola aos mais necessitados.

Com mudanças de tempos, onde os mesmos deixaram de serem tão rudes, e a fome se ia amenizando, as “Janeiras” foram evoluindo para uma espécie de peditório, e era efetuada na altura das matanças, tentando angariar vários bens alimentícios, para que no final pudesse haver coisas, para confraternizar.   

Nas “Janeiras” os grupos cantavam quadras, percorrendo a aldeia nas noites frias de Janeiro, onde estrategicamente eram escolhidos os balcões mais altos, como as casas mais fartas para cantar as “Janeiras”, onde paravam para pedir as mesmas, porem, nem todas as quadras eram iguais, havia aquelas para os senhores que mais davam, e existiam aquelas quadras preparadas, como forma de punir os senhores mais agarrados e forretas, que se recusavam a abrir a porta e dar as “Janeiras”.

Mostramos assim algumas das muitas quadras que eram entoadas, a primeira para os senhores que mais davam, a segunda para os senhores mais agarrados, e mais forretas.

 

Alegrai-vos companheiros,

Que eu sinto gente a andar:

É a senhora da casa,

Quem nos vai convidar.

 

Ó da casa tão alta

Toda feita de madeira.

Aos senhores que cá moram,

Deus lhes dê uma caganeira.

Nota: Excertos gentilmente cedidos por Albertino Calamote, do seu livro, Salvador Barquinha D’Oiro

 

Podem visualizar o filme nos nossos canais de TV:

YouTube: https://www.youtube.com/@salvadorhistoriasdaminhaaldeia

 

MEO KANAL: Posição 923 516


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