As comadres e os compadres
Por: José Morais
Salvador sempre foi uma aldeia
de grandes tradições, entre elas estava a quinta-feira das “Comadres” e
a quinta-feira dos “Compadres”,
e para os mais novos, vamos contar um pouco dessa tradição.
Estes dois dias ocorriam na
quinta-feira do “Domingo Magro”,
o dia das comadres, e na quinta-feira antes do “Domingo
Gordo”, na antevéspera do Carnaval, e ambas tinham a sua própria
celebração, nas tradições dos Salvadorenses.
Assim, na primeira
quinta-feira de “Comadres”,
juntavam-se as raparigas na casa de uma delas, onde faziam um jogo com
possíveis nomes de “Compadres”, onde
faziam diversos papelinhos com nome de raparigas, e outros com nomes de
rapazes, depois colocados cada um numa bolsinha separados, sendo retirados um
de cada vez alternadamente, onde eram formados os pares de “Comadre e Compadre” sendo uma relação por
um ano, nestes sorteios dava-se às vezes um jeitinho, onde muitas vezes acabava
em namorico.
Entretanto, durante a semana,
esse sorteio chegava aos rapazes e em toda a Quaresma, em jogos e outras
distrações domingueiras, onde até já se tratavam alegremente por compadres.
Com a chegada da Páscoa, a
tradição dizia de que o compadre devia de oferecer à comadre amêndoas, com a
mesma, a retribuir, oferecendo um folar, um lenço, ou uma simples peça de
roupa, sendo a mesma confecionada pelas suas mãos, manifestando assim os seus
dotes femininos.
Após terem passado as
restrições quaresmais, eram organizadas as festas das “Comadres e dos Compadres”, as quais eram
constituídas por uma merenda cuidada, tipo piquenique, organizadas já em tempo
primaveril, onde não poderia faltar o tradicional chouriço com ovos, arroz-doce,
e diversos doces, os quais eram acompanhados por chá ou café, e à noite, não
faltava o tradicional baile, onde naquele tempo as mães acompanhavam as filhas,
assistindo assim ao apetecível bailarico.
Tudo leva a crer, pelo que
dizem os mais antigos, que na altura, por tudo e por nada, se faziam festas e
bailaricos, sendo assim um pretexto para estes momentos de convívio, para
rapazes e raparigas se juntarem, os quais eram muitos escassos e proibitivos na
sociedade e mocidade da altura.
São momentos que hoje
relembramos de outros tempos, onde atualmente, hoje já não se aplica.
Bem-haja a todos.
Nota: Este artigo possui alguns excertos do livro “Salvador Barquinha D’Oiro”, cedido
gentilmente pelo nosso conterrâneo “Albertino
Calamote”, o qual agradecemos a sua gentileza, obrigado.