quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

“Tradições da nossa aldeia…”


As comadres e os compadres

 

Por: José Morais

Salvador sempre foi uma aldeia de grandes tradições, entre elas estava a quinta-feira das “Comadres” e a quinta-feira dos “Compadres”, e para os mais novos, vamos contar um pouco dessa tradição.

Estes dois dias ocorriam na quinta-feira do “Domingo Magro”, o dia das comadres, e na quinta-feira antes do “Domingo Gordo”, na antevéspera do Carnaval, e ambas tinham a sua própria celebração, nas tradições dos Salvadorenses.

Assim, na primeira quinta-feira de “Comadres”, juntavam-se as raparigas na casa de uma delas, onde faziam um jogo com possíveis nomes de “Compadres”, onde faziam diversos papelinhos com nome de raparigas, e outros com nomes de rapazes, depois colocados cada um numa bolsinha separados, sendo retirados um de cada vez alternadamente, onde eram formados os pares de “Comadre e Compadre” sendo uma relação por um ano, nestes sorteios dava-se às vezes um jeitinho, onde muitas vezes acabava em namorico.

Entretanto, durante a semana, esse sorteio chegava aos rapazes e em toda a Quaresma, em jogos e outras distrações domingueiras, onde até já se tratavam alegremente por compadres.

Com a chegada da Páscoa, a tradição dizia de que o compadre devia de oferecer à comadre amêndoas, com a mesma, a retribuir, oferecendo um folar, um lenço, ou uma simples peça de roupa, sendo a mesma confecionada pelas suas mãos, manifestando assim os seus dotes femininos.

Após terem passado as restrições quaresmais, eram organizadas as festas das “Comadres e dos Compadres”, as quais eram constituídas por uma merenda cuidada, tipo piquenique, organizadas já em tempo primaveril, onde não poderia faltar o tradicional chouriço com ovos, arroz-doce, e diversos doces, os quais eram acompanhados por chá ou café, e à noite, não faltava o tradicional baile, onde naquele tempo as mães acompanhavam as filhas, assistindo assim ao apetecível bailarico.

Tudo leva a crer, pelo que dizem os mais antigos, que na altura, por tudo e por nada, se faziam festas e bailaricos, sendo assim um pretexto para estes momentos de convívio, para rapazes e raparigas se juntarem, os quais eram muitos escassos e proibitivos na sociedade e mocidade da altura.

São momentos que hoje relembramos de outros tempos, onde atualmente, hoje já não se aplica.

 

Bem-haja a todos.

 

Nota: Este artigo possui alguns excertos do livro “Salvador Barquinha D’Oiro”, cedido gentilmente pelo nosso conterrâneo “Albertino Calamote”, o qual agradecemos a sua gentileza, obrigado.