domingo, 19 de novembro de 2023

“Hoje falamos…O artesanato em Salvador”


“Zé Lérias” um artesão Salvadorense

 

Por José Morais

O artesanato, é algo que marca as regiões, sejam elas aldeias, vilas ou cidades portuguesas, e a nossa aldeia não foge à regra, sendo o mesmo antiguíssimo em Salvador.

Hoje, vamos falar de José Antunes, mais conhecido por “Zé Lérias”, o qual, ficará para sempre na memória do mais velhos, e agora damos a conhecer também aos mais novos.


São inesquecíveis os trabalhos feitos por “Zé Lérias”, recordando os trabalhos talhados em madeira, sendo depois gravados com um ferro em brasa, e quem não se lembra das famosas rolas, ou os curiosos peixes, onde normalmente eram construídos numa base, onde se erguia uma haste com cerca de quarenta centímetros, com diversos braços, com um fio na ponta, onde prendia os ditos peixes e rolas, tudo ligado entre si, dando-lhes movimento.

“Zé Lérias”, fazia os trabalhos em madeira, sempre trabalhando e talhando os mesmos com a sua navalha, e os gravadores a fogo, o ferro em brasa, de onde saiam peças maravilhosas, de grande beleza extraordinária, e mais lindas ainda quando as mesmas tinham movimento, oscilando, provocando uma dança fantástica, onde criava belos efeitos, onde nunca faltava na base das suas peças elaboradas, o nome da sua terra “SALVADOR” em destaque.


“Zé Lérias” era um homem sempre muito bem-disposto, com muito sentido de humor, era um homem simples e modesto, e nunca deixava ninguém indiferente, e o nosso artesão tornou-se muito conhecido, e as suas peças elaboradas espalharam-se tanto pelo nosso Portugal, como além-fronteiras, no estrangeiro.

Teve presença habitual em diversos certames de artesanato, como por exemplo o Festival de Gastronomia de Santarém, a Exposição Internacional de Artesanato do Estoril, e em muitos eventos realizados na Região de Turismo da Serra da Estrela, mas uma coisa temos de referir, foi um grande embaixador da nossa aldeia, levando sempre consigo o nome de “SALVADOR”, gravado a fogo nas suas peças de arte.


O artesanato sempre existiu na nossa aldeia, em documentos antigos, existem referências ao artesanato de aplicação prática, muito diferente da atualidade, o qual era voltado para o supérfluo e para o lazer, de referir por exemplo os cesteiros, as tecedeiras, os cadeireiros, onde nos seus momentos de folga do campo, e sempre que possível, aproveitavam essas alturas para nas suas casas, fazerem o artesanato, e ainda faziam uteis assentos, vasilhas, como ainda lenços frescos de linho, ou as mantas e cobertores, feitos com restos de tecidos e trapos velhos ou usados caseiros, que no final eram muito vistosos.

“Zé Lérias”, tem assim magníficos trabalhos espalhados por todo o lado, desconhecendo em “Salvador” onde possam estar. Fotos do nosso artesão como dos seus trabalhos são escassas ver, numa foto antiga de um artigo publicado no Jornal Diário de Notícias datada de 1988, podemos ver “Zé Lérias” do lado direito, com um dos muitos diplomas com que foi distinguido, ao lado de “César de Oliveira” que se encontra à esquerda, o famoso autor do teatro e da televisão, sendo fotografado em sua casa, uma das últimas fotos do artesão Salvadorense.


Não podíamos assim deixar passar em branco e esquecer este homem, onde vamos reviver um pouco do seu artesanato, onde encontramos algumas, mas pouca peças no “Provisório Museu de Salvador”, são muito poucos esses trabalhos, mas mostram um pouco do mesmo, o que as mesmas podem ser uma excelente e importante atração turística, em defesa de um património cultural de alto valor da nossa aldeia, que deveria ser exibido e divulgado, por serem de um simples Homem do Povo.

José Antunes, de sua alcunha “Zé Lérias”, nasceu a 31 de março de 1921, deixando-nos aos 73 anos de idade, a 13 de janeiro de 1994, deixando um espólio e trabalhos sem dúvida muito interessante, que deveria ser exposto, sempre com o nome gravado da nossa bonita aldeia “SALVADOR”.

Este artigo contém excertos do livro “Salvador Barquinha D’Oiro”, cedido gentilmente pelo nosso conterrâneo Albertino Calamote, o qual agradecemos a sua gentiliza, obrigado.

Um bem-haja para todos.

domingo, 12 de novembro de 2023

“Em Salvador também se celebra o São Martinho”


Por: José Morais

Fotos: Flávio Simão

São Martinho é celebrado a 11 de novembro, é uma celebração que marca o outono, onde não pode faltar o tradicional magusto, e a aldeia de Salvador não deixou passar o dia em branco, e celebrou o mesmo como é habitual anualmente.

A organização do tradicional magusto foi da Junta de Freguesia de Salvador, que celebrou assim com os Salvadorenses, onde na véspera de São Martinho a festa esteve presente, e queremos deixar aqui um pouco da mesma para mais tarde recordar.


 

Conhece a lenda de São Martinho, descubra:

 

Nascido na Hungria por volta do ano 316, faleceu 8 de novembro de 397, e reza a lenda, que São Martinho num certo dia muito frio e chuvoso, um soldado romano chamado Martinho estava a caminho da sua terra natal, onde surgiu um mendigo que lhe solicitou esmola e o soldado, conhecido pela sua generosidade, tirou a sua capa e com a espada cortou-a ao meio, cobrindo o mendigo com uma das partes, porem, mais adiante, Martinho encontrou outro pobre homem cheio de frio e ofereceu-lhe a outra metade da sua capa, ficando ele desprotegido apesar das baixas temperaturas que se faziam sentir.


Porem, Martinho mesmo sem capa continuou a sua viagem, ao frio e ao vento, quando, de repente e como por milagre, o céu se abriu, afastando a tempestade, e daí, surgiu a expressão popular “Verão de São Martinho”, de salientar que Martinho foi sepultado a 11 de novembro na sua cidade natal Tours, e essa foi a data escolhida para celebrar o seu dia.

São Martinho foi um cavaleiro, um monge e um santo, foi um dos principais religiosos a espalhar a fé cristã na Gália, atualmente França, e tornou-se num dos santos mais populares da Europa, e dizem que protege os alfaiates, os soldados e cavaleiros, os pedintes e os produtores de vinho, e reza a história que o famoso cavaleiro da história, era um militar do exército romano que abandonou a guerra para se tornar num monge católico e fazer o bem.

A celebração do São Martinho não é só em Portugal, também em França, Itália, se comem as castanhas assadas, na Alemanha acendem-se fogueiras, e fazem procissões, já em Espanha é dia de matança de porco, de referenciar que o dia de São Martinho é uma festa litúrgica.


 

Castanhas: quentes e boas!

 

São as castanhas, entre outubro e dezembro, A castanha é usada na alimentação desde os tempos pré-históricos. É uma excelente fonte de energia, dizem os especialistas que referem a castanha como uma fonte de fibra alimentar, rica em água, com baixo teor em gordura sem colesterol, uma fonte apreciável de vitaminas, nomeadamente vitamina C, B6 e fosfatos, e minerais essencialmente potássio, fósforo e magnésio.

Esta um pouco a lenda do São Martinho, onde anualmente existem sempre dois ou três dia de bom tempo, onde ficou chamado pelo "Verão de São Martinho", motivado pelo milagre, e ainda relacionado fica o ditado português “No dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho”, e Salvador não faltou à regra e celebrou o dia.




domingo, 5 de novembro de 2023

“Hoje vamos recordar…”


Passeios de Cicloturismo “Serra Acima” em Salvador

 

Por: José Morais

Fotos: Arquivo da Revista Notícias do Pedal

Salvador, tem tido alguns eventos interessantes, e passando recentemente os olhos pelo arquivo de fotos, encontrei algumas que marcaram durante diversos anos um grande evento realizado na nossa aldeia.

“Serra Acima”, era um evento cicloturistico que levou durante alguns anos muitos amantes do ciclismo, para fazerem a ligação de Salvador, ao alto da Serra da Estrela, a “Torre”, e onde muitos ficaram a conhecer a nossa aldeia, um pouco da sua história, costumes, e alguma gastronomia, em especial a celebre “Sopa de Grão”.


Realizado o evento sempre no domingo a seguir aos Festejos em Honra de Santa Sofia, os participantes eram oriundos de diversos pontos do país, desde Viana do Castelo, até Faro, e ainda doa Açores, com a maioria a vir da área da Grande Lisboa, e os números na altura foram impressionantes, a rondar sempre os 400 ciclistas, e um ano a ser especial, onde só ciclistas eram quase 650, aos quais se juntavam sempre os acompanhantes, amigos, familiares, que participavam nesta festa da bicicleta em Salvador.

Foi um projeto que tenho o prazer de poder ter concretizado com muito sucesso, ao qual tenho de agradecer à Junta de Freguesia de Salvador, e à Câmara Municipal de Penamacor, que apoiaram a iniciativa, e patrocinaram o evento na altura.


Salvador, era assim nessa altura evadida por muitos ciclistas e acompanhantes, apesar de existirem de alguns Salvadorenses que não viam bem a iniciativa, no primeiro ano, depois nas edições seguintes as opiniões mudaram, já que era uma mais-valia para a aldeia, e a média de permanecia de quem ia participar era de 5 horas, dava para conhecer, e fazer consumo, dando vida à nossa terra, onde o comercio na altura chegava a esgotar muitas coisas.


Salvador, e algumas zonas do concelho de Penamacor ficaram a ser mais conhecidas, e sei que muito já regressaram a ver, e até alguns já estiveram nos nossos festejos de setembro, e ainda muitos me recordam esses grandes momentos, a maneira como foram recebidos, e muitos recordam a nossa celebre “Sopa de Grão”, onde muitos estiveram ao longo dos anos que se realizou o evento, e alguns confessaram que a “Sopa” era a sua delícia e que a repetiam sempre.


Este um pouco da história de “Serra Acima” , de relembrar que este evento se iniciava no recinto das festas, subia até à estrada, seguia para a rua do cemitério, e seguia depois rumo a Penamacor, um evento que levou muitos ciclistas e acompanhantes a Salvador com muitas recordações, são momentos como estes que o nosso espaço “Salvador Histórias da Minha Aldeia” quer relembrar, agora é tempo de rever alguns desses bons momentos nas fotos que publicamos.

 

Um bem-haja a todos.